CITAÇÕES PARA REFLETIR
"O meio mais seguro, ainda que o mais difícil, para prevenir os delitos é aperfeiçoar a educação, assunto demasiado vasto e que ultrapassa os limites que me impus. Ainda, ouso dizer que ele está intrinsecamente ligado à natureza do governo, razão para que seja um campo estéril, só cultivado por alguns poucos sábios". (Cesare Beccaria, 2002, 106-07)
domingo, 15 de março de 2015
domingo, 8 de março de 2015
"Prisão" em Poesias Completas de Cecília Meireles
Prisão
Nesta
cidade
quatro
mulheres estão no cárcere.
Apenas
quatro.
Uma
na cela que dá para o rio,
outra
na cela que dá para o monte,
outra
na cela que dá para a igreja
e
a última na do cemitério
ali
embaixo.
Apenas
quatro.
Quarenta
mulheres noutra cidade,
quarenta,
ao menos,
estão
no cárcere.
Dez
voltadas para as espumas,
dez
para a lua movediça,
dez
para pedras sem resposta,
dez
para espelhos enganosos.
Em
celas de ar, de água, de vidro
estão
presas quarenta mulheres,
quarenta
ao menos, naquela cidade.
Quatrocentas
mulheres,
quatrocentas,
digo, estão presas:
cem
por ódio, cem por amor,
cem
por orgulho, cem por desprezo
em
celas de ferro, em celas de fogo,
em
celas sem ferro nem fogo, somente
de
dor e silêncio,
quatrocentas
mulheres, numa outra cidade,
quatrocentas,
digo, estão presas.
Quatro
mil mulheres, no cárcere,
e
quatro milhões – e já nem sei a conta,
em
lugares que ninguém sabe,
estão
presas, estão para sempre
– sem janela e sem esperança,
umas
voltadas para o presente,
outras
para o passado, e as outras
para
o futuro, e o resto – o resto,
sem
futuro, passado ou presente,
presas
em prisão giratória,
presas
em delírio, na sombra,
presas
por outros e por si mesmas,
tão
presas que ninguém as solta,
e
nem o rubro galo do sol
nem
a andorinha azul da lua
podem
levar qualquer recado
à
prisão por onde as mulheres
se
convertem em sal e muro.
(Cecília
Meireles, 1973, v.7, p.149-50)
Fonte:
MEIRELES, Cecília. Prisão. In: Darcy Damasceno (Org.). Poesias completas. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1973. 8v.
sábado, 28 de fevereiro de 2015
Todos os detentos têm direito à educação?
Decorrido um ano de "silêncio" do Blog Vozes da Prisão, informo que nesta madrugada retomamos as atividades virtuais. Considerando que estamos às vésperas de março, o ano de 2015, parece ser promissor no que se refere a realização de projeto de extensão sobre a educação penitenciária, pois a temática toma corpo nos debates fomentados e desenvolvidos por professores e estudantes da Universidade Federal do Amapá.
Um exemplo disso, é o Projeto de Extensão: Educação Prisional Transfronteiriça, iniciado a sua execução em 2014, sob a coordenação do Prof. Me. Dinaldo Barbosa da Silva Júnior (UNIFAP/CAMPUS BINACIONAL DE OIAPOQUE), tendo na sua equipe executora a participação de professores deste campus como colaboradores. As instituições envolvidas na realização desta atividade extensionista são, Centro Penitenciário da Guiana, Instituto de Administração Penitenciária do Amapá e Universidade Federal do Amapá, com chancela do Consulado Geral do Brasil na Guiana Francesa, o que no L'Essentiel en Guyane, em 11 de fevereiro de 2015, foi destaque com a matéria L'éducation pour tous, même en prison.
Hoje ao ler a notícia "Projeto de Cooperação Educacional Internacional entre o Brasil e a Guiana Francesa é destaque na imprensa guianense", nesta madrugada, foi inevitável retomar as postagens no Vozes da Prisão.
Eis que urgem as reflexões: Quais os projetos de cunho educacional desenvolvidos no Centro de Custódia de Oiapoque? Ou ainda, há registros da execução de projetos de extensão ou outros no Centro de Custódia para as pessoas presas que estão em regime provisório?
Não pretendo discorrer a respeito destas questões no momento, entretanto, é preciso dizer que necessitamos iniciar um processo de articulação institucional para que as atividades educativas e culturais, como as do Projeto de Extensão: Educação Prisional Transfronteiriça, também sejam implantados no município de Oiapoque, afinal do outro lado da fronteira "Todos os detentos têm direito à educação" (Bertrand Laplaza, 2015).
Um exemplo disso, é o Projeto de Extensão: Educação Prisional Transfronteiriça, iniciado a sua execução em 2014, sob a coordenação do Prof. Me. Dinaldo Barbosa da Silva Júnior (UNIFAP/CAMPUS BINACIONAL DE OIAPOQUE), tendo na sua equipe executora a participação de professores deste campus como colaboradores. As instituições envolvidas na realização desta atividade extensionista são, Centro Penitenciário da Guiana, Instituto de Administração Penitenciária do Amapá e Universidade Federal do Amapá, com chancela do Consulado Geral do Brasil na Guiana Francesa, o que no L'Essentiel en Guyane, em 11 de fevereiro de 2015, foi destaque com a matéria L'éducation pour tous, même en prison.
Fonte: http://www2.unifap.br/oiapoque/2015/02/26/projeto-de-cooperacao-educacional-internacional-entre-o-brasil-e-a-guiana-francesa-e-destaque-na-imprensa-guianense/ Acesso: 28/02/2015.
Hoje ao ler a notícia "Projeto de Cooperação Educacional Internacional entre o Brasil e a Guiana Francesa é destaque na imprensa guianense", nesta madrugada, foi inevitável retomar as postagens no Vozes da Prisão.
Eis que urgem as reflexões: Quais os projetos de cunho educacional desenvolvidos no Centro de Custódia de Oiapoque? Ou ainda, há registros da execução de projetos de extensão ou outros no Centro de Custódia para as pessoas presas que estão em regime provisório?
Não pretendo discorrer a respeito destas questões no momento, entretanto, é preciso dizer que necessitamos iniciar um processo de articulação institucional para que as atividades educativas e culturais, como as do Projeto de Extensão: Educação Prisional Transfronteiriça, também sejam implantados no município de Oiapoque, afinal do outro lado da fronteira "Todos os detentos têm direito à educação" (Bertrand Laplaza, 2015).
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