CITAÇÕES PARA REFLETIR

"O meio mais seguro, ainda que o mais difícil, para prevenir os delitos é aperfeiçoar a educação, assunto demasiado vasto e que ultrapassa os limites que me impus. Ainda, ouso dizer que ele está intrinsecamente ligado à natureza do governo, razão para que seja um campo estéril, só cultivado por alguns poucos sábios". (Cesare Beccaria, 2002, 106-07)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

V Congresso Internacional de Pedagogia Social: O lugar da educação social, popular e comunitária na política pública




      O V CIPS ocorrerá na Universidade Federal do Espírito Santo, no campus de Goiabeiras, em Vitória, em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo  e com a Universidade Estácio de Sá de Vitória. As atividades do evento estarão concentradas na UFES, local em que estão programadas conferências, mesas temáticas, Comunicações Orais no Simpósio de Pós-graduação, além de atividades culturais.
·        Submissão de trabalhos: até 05/08/15
·        Período do evento: 1 a 3 de setembro de 2015.
·        Site oficial do evento: http://www. http://ocs.ifes.edu.br/index.php/cips/V_CIPS
·        Organização:
Prof. Dr. Roberto da Silva - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
Prof. Dr. Erineu Foerste - Universidade Federal do Espírito Santo
Profa. Dra Priscila de Souza Chisté - Instituto Federal do Espírito Santo
Profa. Dra Jacyra Silva de Paiva - Universidade Estácio de Sá. 





domingo, 19 de abril de 2015

II Seminário de Políticas Públicas para Educação Penitenciária no Amapá

               


              O Amapá em 2014 concluiu a elaboração do Plano Estadual de Educação nas Prisões, documento que é resultado dos estudos e trabalhos realizados por um Grupo de Trabalho e duas Comissões vinculadas a Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública. Os trabalhos foram desenvolvidos por servidores da referida secretaria, bem como por servidores da Secretaria de Estado da Educação, Tribunal de Justiça do Estado e Universidade Federal do Amapá.
                   A partir das reuniões da I Comissão de Elaboração do Plano Estadual de Educação nas Prisões debateu-se sobre a necessidade de realizar um evento, com fim de que alguns tópicos do plano fosse discutido e aprovado pelos participantes do evento. O primeiro evento ocorreu de 27 a 28 de agosto de 2013, organizado como projeto de extensão pela Universidade Federal do Amapá, o I Seminário de Políticas Públicas para Educação Penitenciária no Amapá.
                   A II Comissão de Elaboração do Plano Estadual de Elaboração do Plano Estadual de Educação nas Prisões deu continuidade aos trabalhos da anterior, o que culminou com a conclusão do documento no final de 2014.  Considerando que no documento registrou-se a demanda de um conjunto de metas a serem cumpridas para qualificação da educação penitenciária, este ano teremos a realização do II Seminário de Políticas Públicas para Educação Penitenciária no Amapá, com previsão para agosto deste ano.
                   Em breve, teremos mais informações a respeito!


Fonte: OLIVEIRA, A. P. L.; MARTINS, A. S. P. F. ; SILVA JUNIOR, D. B. ; VASQUEZ, E. L.; GEMAQUE, K. M. ; CARVALHO, L. P. M. ; MALCHER, M. J. C. ; REGIS, M. S. C. ; MORAES, R. M. ; CORREIA, S. S. ; LEITE, V. C. O. ; SOUZA, V. G. ; SANTOS, V. S. S. Plano Estadual de Educação nas Prisões do Amapá. Macapá, 2014.

                 




                 
               
               

                   

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Nota de Falecimento de Natalice Silva de Souza

          
                                          Foto: Álbum de família

       É com pesar que o Blog Vozes da Prisão comunica o falecimento da professora Natalice Silva de Souza  (37) anos. A professora era lotada na Escola Estadual São José desde 2010,  instituição de ensino que é responsável pela oferta de cursos de ensino fundamental e médio no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá e Coordenadoria da Penitenciária Feminina. Ela ministrava a disciplina de filosofia na referida escola e faleceu em 05/04/2015.
        Descanse em  paz Natalice Silva de Souza, na certeza que sua missão de servidora pública,  esposa e  mãe se cumpriram com zelo de quem viveu e praticou o amor incondicional.

Fonte: Foto da professora. In: elesnafes.com/2015/04/professora-morre-na-unimed-familia-diz-que-houve-falha-no-atendimento/, Acesso: 06/04/2015


        

domingo, 15 de março de 2015

Audiência Pública: Sistema Prisional do Amapá 2015


    Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=349647495225260&set=p.349647495225260&type=1&theater, Acesso: 15/03/2015


domingo, 8 de março de 2015

"Prisão" em Poesias Completas de Cecília Meireles

Prisão

Nesta cidade
quatro mulheres estão no cárcere.
Apenas quatro.
Uma na cela que dá para o rio,
outra na cela que dá para o monte,
outra na cela que dá para a igreja
e a última na do cemitério
ali embaixo.
Apenas quatro.

Quarenta mulheres noutra cidade,
quarenta, ao menos,
estão no cárcere.
Dez voltadas para as espumas,
dez para a lua movediça,
dez para pedras sem resposta,
dez para espelhos enganosos.
Em celas de ar, de água, de vidro
estão presas quarenta mulheres,
quarenta ao menos, naquela cidade.

Quatrocentas mulheres,
quatrocentas, digo, estão presas:
cem por ódio, cem por amor,
cem por orgulho, cem por desprezo
em celas de ferro, em celas de fogo,
em celas sem ferro nem fogo, somente
de dor e silêncio,
quatrocentas mulheres, numa outra cidade,
quatrocentas, digo, estão presas.

Quatro mil mulheres, no cárcere,
e quatro milhões – e já nem sei a conta,
em lugares que ninguém sabe,
estão presas, estão para sempre
 – sem janela e sem esperança,
umas voltadas para o presente,
outras para o passado, e as outras
para o futuro, e o resto – o resto,
sem futuro, passado ou presente,
presas em prisão giratória,
presas em delírio, na sombra,
presas por outros e por si mesmas,
tão presas que ninguém as solta,
e nem o rubro galo do sol
nem a andorinha azul da lua
podem levar qualquer recado
à prisão por onde as mulheres
se convertem em sal e muro.
(Cecília Meireles, 1973, v.7, p.149-50)

Fonte: MEIRELES, Cecília. Prisão. In: Darcy Damasceno (Org.). Poesias completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1973.  8v.



sábado, 28 de fevereiro de 2015

BLOG VOZES DA PRISÃO: Todos os detentos têm direito à educação?

Todos os detentos têm direito à educação?

        Decorrido um ano de "silêncio" do Blog Vozes da Prisão, informo que nesta madrugada retomamos as atividades virtuais. Considerando que estamos às vésperas de março, o ano de 2015, parece ser promissor no que se refere a realização de projeto de extensão sobre a educação penitenciária, pois a temática toma corpo nos debates fomentados e desenvolvidos por professores e estudantes da Universidade Federal do Amapá. 
      Um exemplo disso, é o Projeto de Extensão: Educação Prisional Transfronteiriça, iniciado a sua execução em 2014, sob a coordenação do Prof. Me. Dinaldo Barbosa da Silva Júnior (UNIFAP/CAMPUS BINACIONAL DE OIAPOQUE), tendo na sua equipe executora a participação de professores deste campus como colaboradores. As instituições envolvidas na realização desta atividade extensionista são, Centro Penitenciário da Guiana, Instituto de Administração Penitenciária do Amapá e Universidade Federal do Amapá, com chancela do Consulado Geral do Brasil na Guiana Francesa, o que no L'Essentiel en Guyane, em 11 de fevereiro de 2015, foi destaque com a matéria L'éducation pour tous, même en prison.  


              Fonte: http://www2.unifap.br/oiapoque/2015/02/26/projeto-de-cooperacao-educacional-internacional-entre-o-brasil-e-a-guiana-francesa-e-destaque-na-imprensa-guianense/ Acesso: 28/02/2015.

                  Hoje ao ler a notícia "Projeto de Cooperação Educacional Internacional entre o Brasil e a Guiana Francesa é destaque na imprensa guianense", nesta madrugada, foi inevitável retomar as postagens no Vozes da Prisão. 
                 Eis que urgem as reflexões: Quais os projetos de cunho educacional desenvolvidos no Centro de Custódia de Oiapoque?  Ou ainda, há registros da execução de projetos de extensão ou outros no Centro de Custódia para as pessoas presas que estão em regime provisório?
                 Não pretendo discorrer a respeito destas questões no momento, entretanto, é preciso dizer que necessitamos iniciar um processo de articulação institucional para que as atividades educativas e culturais, como as do Projeto de Extensão: Educação Prisional Transfronteiriça, também sejam implantados no município de Oiapoque, afinal do outro lado da fronteira "Todos os detentos têm direito à educação" (Bertrand Laplaza, 2015).  






  

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Brasil tem 127 presidiários cursando ensino superior

FORTALEZA E RIO - Cynthia Corvello, de 42 anos, está no 3º período do curso de História na Universidade Federal do Ceará (UFC). Dentro de sala, a única característica que a difere dos colegas é a tornozeleira eletrônica usada para o governo monitorar seus passos. Cynthia é a primeira interna do Instituto Penal Feminino (IPF) Desembargadora Auri Moura Costa, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza, a fazer faculdade fora do presídio. Presa em 2010, ela foi condenada a 25 anos por coautoria em um duplo homicídio. Em 2011, a detenta prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ingressou na UFC. Graças a uma autorização judicial, ela passou a deixar o instituto todas as manhãs para estudar e só retornar à noite.

Cursar uma graduação é privilégio de 127 internos do sistema carcerário, ou seja, 0,02% do total de 533.027 presos no país. Os dados são do Sistema de Informações Penitenciárias (Infopen), do Ministério da Justiça, relativos a outubro de 2012. Muitos deles estudam a distância, quando há essa opção, mas a maior parte consegue autorização judicial para fazer o curso presencial.

Faculdade em presídio

Cynthia sai de Aquiraz de ônibus, às 5h30min, rumo ao bairro de Benfica, em Fortaleza, onde funciona o curso de História da UFC, e volta no fim da tarde. Quando não está na faculdade, estuda na cela ou na biblioteca da unidade. Suas médias variam de 9 a 10.

- Quero ser professora. Gostaria muito de dar aula no sistema penitenciário, aqui ou no presídio masculino. Se teve uma Cynthia aqui, pode ter uns "Cynthios" espalhados por aí também - brinca a detenta, observando que, na cadeia, o preso tem altos e baixos e que o educador precisa estar preparado para lidar com isso.

No presídio em Aquiraz, 13 colegas de Cynthia fazem graduação de Filosofia dentro da instituição, graças a uma parceria entre a Faculdade Católica do Ceará e o governo estadual. Inaugurado há dois meses, o curso é o segundo ministrado no sistema prisional cearense. De 2006 a 2010, presos do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II, em Itaitinga, estudaram Teologia. Mês que vem, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) abre um ciclo básico para graduações de Ciências Humanas, como Direito e Ciências Sociais, na penitenciária Raymundo Asfora, em Campina Grande.

- Hoje, a gente senta para conversar não apenas sobre coisas lá de fora, como festas, mas sobre Sócrates e Platão. Tudo pra mim, atualmente, é ligado à Filosofia - comenta Heloísa da Guia Xavier, de 38 anos, interna do Auri Moura Costa, que foi condenada a 47 anos de detenção e já cumpriu cinco anos da sua pena.

Campi em penitenciárias são raros num país onde 88% dos detentos não terminaram a escola e cujos governos falham em instalar educação básica em todo seu sistema prisional. Este mês, estão completando dois anos desde a promulgação da Lei 12.433, que dá direito à redução de pena para internos que estudam ou trabalham. Conforme O GLOBO noticiou ontem, porém, das 1410 instituições penais no Brasil, 40% (565) não têm sequer sala de aula, segundo dados do Ministério da Justiça. Hoje, só um em cada dez detentos no país estudam.

Muitos presos que prestam vestibular têm desempenho ruim. Ano passado, 23.575 internos participaram do Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), mas só 369 atingiram os 450 pontos exigidos para a certificação de conclusão do ensino médio, segundo informações obtidas via Lei de Acesso à Informação.

Bruno Augusto Sperli, Anderson Pereira e Ricardo Galdino são detentos, em regime fechado, de diferentes instituições do Rio e prestaram vestibular em 2012. Sperli passou para Pedagogia na UFF, Galdino foi aprovado em Física na Uerj e Nascimento conseguiu vaga em Pedagogia, também na Uerj. Mas eles perderam as vagas porque não tiveram autorização judicial para estudar fora das unidades acompanhados de escolta. E, no Rio, de acordo com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), os presídios não oferecem possibilidade de ensino superior a distância.

Beira-mar estuda teologia

Um levantamento feito pelo GLOBO, que acionou órgãos das 27 unidades da federação, constatou que apenas sete estados dão a presos a opção de ensino a distância: Paraná, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

Em Catanduvas, no Paraná, um criminoso conhecido do Rio se vale de uma forma antiga de ensino a distância para obter um diploma de ensino superior. Desde o início deste ano, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, cursa Teologia por correspondência na Faculdade Teológica Batista do Paraná, após tirar 7,4 na redação do vestibular, cujo tema era extremismo religioso no Brasil.

Todo mês, o calouro Beira-Mar recebe na cela material impresso com textos teóricos e exercícios. Ao fim de cada tópico, o detento faz um teste na penitenciária, aplicado por um professor da faculdade. Para obter o diploma, ele deve completar 174 créditos, equivalentes a 3.186 horas. Pela lei de remição penal, se Beira-Mar vestir a beca, terá 192 dias reduzidos da pena. Quem paga os estudos é a Igreja do Bacaxiri do Paraná. Foi o capelão da instituição que recrutou o aluno, em visita à penitenciária.

- É um curso de Humanas. O que vai lhe adiantar um curso de Medicina se ele já vai sair da prisão idoso? Não temos bola de cristal para saber se vamos mudar a personalidade dele, mas essa é a intenção - afirma o diretor da faculdade, Jaziel Guerreiro Martins.


Fonte: Vieira e Mariana Lazari. "Brasil tem 127 presidiários cursando ensino superior".     O Globo. Disponível em: http://oglobo.globo.com/educacao/brasil-tem-127-presidiarios-cursando-ensino-superior-8726324, Acesso: 27/11/2013.